Uma análise sobre a leitura dos textos indicados:
A Educação após Auschwitz (1995), Adorno afirma que “A exigência que
Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação” (p.119). Esse
acontecimento foi tão intenso que aparece como algo sobre o qual seria impossível não
se pensar, por isso, se coloca como o problema que exige ser pensado. Esse
acontecimento atacou seu pensamento e o mobilizou a responder a ele,
pois ele foi afetado por Auschwitz de
diversas formas: foi afastado de seu cargo de professor em Frankfurt; foi exilado de seu
país; teve seus amigos mortos; viu sua sociedade agir de modo devastador,
enfim presenciou a barbárie nua e crua e a viveu. Adorno está tão certo de que
Auschwitz foi e continua sendo um problema que afeta a todos, que dedicou parte de
sua obra para explicar, fundamentar, problematizar e, principalmente, não deixar que
esta discussão fosse apenas mais uma entre as discussões presentes no debate filosófico educacional.
Para ele, essa questão é de tamanha importância “De tal modo que ela
precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la” (1995,
p. 119). Adorno pensa que o problema de Auschwitz é evidente e afeta a todos, por isso,
deixa de ser um problema só seu e passa a ser um problema de todos, que precisa ser
pensado por todos um acontecimento problemático que afeta a todos os indivíduos porque trata das condições deste tempo e pede resolução. Adorno não se dispõe apenas a continuar
discutir sobre Auschwitz, mas o faz de tal modo que este seja o principal problema e o
centro da investigação em seu fazer filosófico sobre a educação.
Para ele, o processo educacional deveria ter como objetivo principal o trato a
esse problema para poder esclarecer-se e criar condições para que todos se esclareçam
acerca de como e por que a barbárie Auschwitz ocorreu e quais condições poderiam
fazer com que ela voltasse a ocorrer. A sociedade em geral e a educação em particular
não têm dado atenção ao tema como deveriam: “Não consigo entender como até hoje
[essa questão] mereceu tão pouca atenção” (ADORNO, 1995, p. 119).
O desprezo com que o problema da barbárie é tratado prova que
“a pouca consciência existente em relação a essa exigência e as questões que
ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas pessoas,
sintoma de persistência da possibilidade de que se repita no que depende do
estado de consciência e de inconsciência das pessoas” (ADORNO, 1995, p.
119).
Por isso, a discussão sobre as condições do presente educacional, social e psicológico
não pode ser abandonada. Não se pode esquecer o presente e o que ele pode produzir, se
não for pensado de modo esclarecedor. Pensar a própria atualidade deveria ser a
preocupação de todos.
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